Danação na imprensa

O Correio Braziliense publicou uma matéria legal sobre o Danação. De quebra, ainda falou sobre outros bons autores que usam nosso folclore como matéria-prima para seus romances. Confiram!

Por que relançar

Essa edição não é a primeira de Danação. Houve outra, há três anos, quando decidi que queria reunir o maior número possível de parentes e amigos para dividir comigo a alegria de escrever um livro.
Não foi por desleixo que Danação saiu com erros na edição de 2008, mas por que uma revisão não cabia no meu orçamento no momento; a editora apenas rodava o livro, sem revisá-lo.  Li e reli o romance umas boas vezes, e volta e meia também encontrava algo sobrando - um exagero estilístico aqui, descrições não muito necessárias ali, um diálogo que precisava ser melhorado no meio. E passei boa parte desses três anos futucando, apagando, corrigindo. O que foi editado pela Baraúna não é um livro novo. Apenas uma edição revisada - e definitiva. Nada de substancial foi mudado. É verdade que o prólogo foi bem remexido, e há um epílogo que não existia antes. O romance, porém, ainda é o mesmo. Vou ter sempre carinho pela primeira edição, mas orgulho mesmo é pela segunda.
Mas por que relançar? Pensei bastante antes disso.  Já tinha gasto o que podia e o que não podia em 2009. Outra despesa fora de hora, sem perspectiva de retorno... O livro, porém, não tinha apenas erros que me incomodavam. Com uma ou outra exceção só foi lido por amigos – e todo autor quer ser lido por pessoas que não o conhecem. Há três anos não tive como colocar o livro à venda. Quase todos os exemplares que encomendei – uns 100... – foram vendidos, mas na noite de lançamento, para amigos e parentes. E eu queria ver Danação nos sites das livrarias, criticado por blogueiros, circulando nas mídias sociais. Para o bem e para o mal. 
Sei que o mercado literário é muito fechado. Não bastasse isso, o de fantasia em especial está viciado. Mas como dizia Vicente Matheus, o eterno presidente do Corinthians, quem sai na chuva é para se queimar. Se ao menos sair chamuscado posso me considerar realizado.


Por curiosidade, olhem aí a capa do primeiro Danação


Inaugurando o blog...

Primeiro post do blog. Para inaugurar, nada melhor do que falar do que me levou a escrever Danação.
Sempre gostei de literatura fantástica. Seja o terror, a fantasia ou a ficção científica, as realidades irreais sempre me fisgaram. Mas não foi apenas isso.
Sempre curti a ousadia, a criatividade. Não vou esticar muito. Quem já leu Stephen King (melhor como contista do que como novelista), Clive Barker, H. P. Lovecraft e Philip K. Dick sabe do que estou falando. Mas não foi apenas isso.
Nas idas a livrarias folheava dezenas de títulos novos de fantasia - o que era bom. Desses lançamentos, vários autores nacionais - o que era ótimo, prova de que o gênero se firmava no Brasil, principalmente entre os mais jovens. Mas lá para o meio da orelha ou da sinopse da contra-capa (às vezes logo no título ou pela ilustração da capa) percebia o que me aguardava: vampiros e lobisomens (ou lutas entre uma e outra raça), elfos e dragões, quase sempre acima do Equador ou em um continente imaginário. De uns anos para cá, zumbis. Não quero que pensem que não gosto dessas criaturas. Cresci lendo gibis como Kripta e Shock, assistindo na TV a filmes de terror da Hammer, vendo e revendo no cinema Grito de Horror (quem não viu ainda, corra e alugue - ou baixe) e Hora do Espanto (o original, de 1985). Mas os quarenta anos são a idade de começar a ser ranzinza, torcer pela novidade...
A ideia de escrever algo diferente veio no começo de 2006, quando meu filho Lucas, à época com nove anos, estava fazendo uma pesquisa escolar sobre folclore brasileiro. Quando dei de cara com a ilustração de um ser fantástico (não vou dizer qual, pois ele está no livro...), pensei: Por que não encontro romances que tivessem nosso folclore como pano de fundo? Por que nossos jovens leitores consideram vampiros, lobisomens e dragões mais assustadores ou instigantes que um boitatá, uma mula-sem-cabeça ou um mapinguari?
Olhava para meu filho e pensava que nossos leitores mereciam algo diferente do que estava aí, sobrando nas livrarias. Não necessariamente o que eu poderia oferecer, mas apenas algo diferente, mais próximo do chão onde pisamos. E aí, depois de dois anos, surgiu Danação, lançado em primeira edição por uma editora de Brasília em 2008 e agora pela Baraúna, revisto e revisado.
Sempre achei que o brasileiro nunca deu o valor necessário para sua cultura - sua história, seus heróis (e seus vilões), seus mitos. Ainda acho. Não acredito que Danação possa mudar essa tendência. Sonho, mas não acredito. Mas um dia isso pode mudar.

 
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