Feira do Livro de Porto Alegre... contagem regressiva

A 58ª Feira do Livro de Porto Alegre começou oficialmente ontem (26 de outubro). Até o dia 11 de novembro serão dezenas de mesas-redondas, debates, oficinas, contações de estórias, lançamentos de livros, enfim, o que há de mais legal e apaixonante e
m termos de literatura no Brasil. E com entrada franca. É a maior feira literária ao ar livre na América Latina. Você, que é do Sul, não deixe de prestigiar esse encontro e levar quem puder. Vou estar lá dia 4 de novembro, às 17 h - que é o dia da literatura fantástica - falando sobre livros, folclore brasileiro e meu Danação (colher de chá... página 24 do Guia da Feira). Não deixe de passar adiante o guia. Ele é ultracompleto, muito bem feito. Curta literatura fantástica ou não, prestigie o sagrado ato de ler. Se curtir, melhor ainda. Nos vemos lá.

http://issuu.com/correiodopovo.ejcj2/docs/guia_feira_2012_programa__o



Danação no Diário de Taubaté

Para um romance fantástico/histórico ambientado na Taubaté de 1700, nada mais gratificante do que ver o livro em um jornal de... Taubaté. Obrigado ao Diário pelo espaço dado ao Danação. Espero um dia poder bater um bom papo sobre o folclore do Vale do Paraíba, literatura e a vida nada fácil de nossos antepassados na Colonia Brasilis.



Resenha do Danação e entrevista na Revista Fantástica

Saiu uma resenha legal do Danação da Revista Fantástica, muito bem escrita pela Mariana Bassi. Confiram também a entrevista, não só a respeito do livro, mas também sobre influências, mercado literário, processo de criação, etc.

http://www.revistafantastica.com.br/resenhas/danacao-2/





O autêntico vampiro brasileiro

Antes que alguém venha com a piada infame do Bento Carneiro, o verdadeiro vampiro brasileiro é o Encourado. Nada de adolescentes pálidos e afetados ou aristocratas europeus com mangas bufantes. 

Autêntico folclore nordestino, é um homem sombrio de hábitos noturnos, usa roupas de couro preto (daí o nome) como um cangaceiro. Fede a sangue, ataca seres humanos e animais, morde-lhes em busca de alimento. Tem certa preferência por pessoas que não frequentam igrejas ou bebês não batizados. Para aplacar a ira do Encourado, os moradores das cidades por onde passa oferecem em sacrifício bandidos, pequenos animais ou até crianças. A oferenda deve ser colocada na porta da frente, por onde ele sempre tenta entrar. É fácil saber se um deles ronda sua cidade. As galinhas não põem ovos, os cachorros ficam o dia todo gemendo dentro de casa e os urubus passam horas a voar sobre o lugarejo. Só entra se convidado (como os colegas europeus), mas sempre dá um jeito de receber as boas graças do anfitrião. Cruzes, alho, luz do sol, água benta, estacas no coração - nada parece ferir o Encourado. Ele deve ser tolerado, nunca vencido.




Existe também o Cupendipe, embora considerá-lo vampiro possa parecer forçar a barra um pouco, pois não existem informações seguras que ele se alimenta de sangue. Lenda do Alto Tocantins, os cupendipes eram seres alados que dormiam de cabeça para baixo (como morcegos), deixavam as grutas onde moravam apenas à noite e usavam um machado em forma de meia lua para defender-se.




É hora de levantar o camisolão... ou como era o sexo no Brasil colonial


Esqueçam as relações cordiais entre os desbravadores portugueses e suas dominadas. Negras e índias podem ter eventualmente se beneficiado dos efeitos de uma união com o invasor, mas na maioria dos casos a violência era o estopim.  O colono, mandado para povoar e defender uma terra distante, longe das legítimas esposas, encorajava-se com a visão das escravas (que frequentemente usavam apenas saias) e as nativas (nuas, por hábito). Estupros (inclusive de crianças) e coação foram o motor inicial da miscigenação, em especial nas primeiras décadas, antes da chegada das europeias em número suficiente para desbrutalizar a sociedade. Com o tempo, passou a valer o velho ditado do século XVIII: “branca para casar, mulata para foder, negra para trabalhar”.




Apesar dos esforços da Igreja, a regra era o concubinato. Casamentos de papel passado, até havia em quantidade, mas os amasiamentos eram muito mais numerosos. Amancebar-se valia inclusive para os... padres. Não raros eram os sacerdotes que se uniam a mucamas que os serviam. Muitas vezes arriscavam-se com donzelas bem nascidas - nas sacristias ou nas capelas construídas nos fundos das casas grandes. Era a chamada solicitação ad turpia. Uma prática reconhecida e motivo de vergonha para o Alto Clero. Os romances entre religiosos e mulheres na colônia eram, na verdade, uma herança europeia, patricada desde muito no Velho Mundo. De tão frequente, criou-se o mito da 'burrinha do padre' - o destino reservado à concubina do sacerdote e que aqui recebeu o nome de mula-sem-cabeça. E o que isso tem a ver com o livro Danação? Mesmo correndo o risco de emplacar um spolier, eu respondo: tudo.

A Inquisição estava, é claro, atenta para os desvios nos costumes. O homossexualismo foi equiparado à heresia, e os amásios eram perseguidos e quase forçados e se casar. Os processos do Santo Ofício estavam repletos de descrições detalhadas envolvendo membrum virile (pênis), vas naturalis (vagina), vas preposterum (ânus). Até as posições eram detalhadas (mulier super virum, ou mulher por cima do homem...)

Prostíbulos e prostitutas (as "barrigãs") quase não havia. Em compensação, multiplicavam-se as casas de alcouce – tavernas ou estabelecimentos comerciais onde encontros furtivos eram encorajados, mediante pagamento para o dono do lugar. De adúlteras a mulheres empobrecidas que trocavam minutos de sexo por algumas patacas, todas se deitavam nas esteiras das casas de alcouce.

Uma sociedade desavergonhada, mas ao mesmo tempo envergonhada. A regra era ir para a cama semivestido. Recorria-se muito aos matos, principalmente os mais pobres. Sexo sem nudez. Como se dizia à época, era a hora de “levantar a camisa”, “abaixar os calções” ou “arriar as fraldas”. Pouco espaço também para as preliminares (ou “molíces”, como se dizia). 

Entrevista para o programa Autores e Livros, da Rádio Senado

Tive a satisfação de ser entrevistado pela professora Margarida Patriota para o programa Autores e Livros, da Rádio Senado. Nos 15 minutos de bate-papo falo um pouco do Danação, sobre o processo de criação do livro, referências, inspirações e projetos futuros. Margarida Patriota é tradutota, autora de diversos livros publicados pela Editora Saraiva foi professora da Universidade de Brasília entre 1976 e 2002. Os links para a entrevista estão aí embaixo (eu falo rápido demais, eu sei, eu sei... Vão desculpando... sou um entrevistado de primeira viagem)



http://www.senado.gov.br/noticias/radio/programaConteudoPadrao.asp?COD_TIPO_PROGRAMA=&COD_AUDIO=283937

http://www.senado.gov.br/noticias/radio/programaConteudoPadrao.asp?COD_TIPO_PROGRAMA=&COD_AUDIO=283938

Nova promoção, dessa vez no Livros & Citações

Outro sorteio de um exemplar autografado do Danação, dessa vez no Livros & Citações! Confira, passe adiante, participe!

Bienal 2012...

Experiência inesquecível na Bienal de São Paulo. Bate-e-pronto, saí de Brasília e voltei no mesmo dia, mas estar num lugar que é sinônimo de literatura, lotado de leitores, amantes de livros, gente ávida por cultura, é algo que vai ficar na memória pra sempre. Pouco mais de uma hora no stand da editora, conversando e autografando livros. O registro na foto é com minha cunhada Carla e o mais que querido sobrinho Caetano. 


Nova ganhadora da promo do Danação

Saiu a segunda ganhadora da promoção do Danação autografado feita pelo Skoob: Janaína Pedroso. Parabéns e obrigado por participar do sorteio. O mesmo vale para todos os que entraram na promo. E tem mais uma chance, dessa vez pelo Mundo de Fantas!
É só ler as regras e cruzar os dedos!

http://mundodefantas.blogspot.com.br/2012/08/sorteio-do-livro-danacao-autografado.html


Um pouco mais sobre a vida nada mole no Brasil de 1700


Não havia partilha da herança entre irmãos. No Brasil de 1700 vigorava o regime do morgadio: todos os bens – terras, escravos, animais, títulos – eram herdados apenas pelo filho mais velho. O varão. O que sobrava para os outros? O segundo filho era mandado para estudar leis em alguma faculdade em Portugal, quase sempre Coimbra. Quando voltasse poderia ser advogado ou descolar algum emprego no serviço público. E se houvesse um terceiro filho? Bem, para o caçula sobrava a carreira religiosa. Tendo vocação ou não, a regra era ser despachado para algum seminário e ordenado padre. Assim, as famílias garantiam presença nos pilares que mantinham a sociedade da época: e economia, a burocracia e a Igreja. Simples assim.

Se você fala português hoje, agradeça ao Marques de Pombal, todo-poderoso ministro do Rei Dom José I.  O nheengatu - uma mistura de português e tupi muito utilizada pelos jesuítas para catequisar os índios - era a língua mais falada. Até que Pombal – o mesmo que é execrado por ter usado o ouro das minas brasileiras para reconstruir Lisboa após o terremoto de 1755 - proibiu por decreto o ensino do nheengatu. Então, antes de odiar de antemão os tais déspotas esclarecidos do nosso 2º grau, agradeça ao menos pela língua que falamos.

A comida era um capitulo à parte. Nosso baião-de-dois demorou a aparecer. O motivo: O arroz veio da Ásia e seu cultivo não havia sido difundido em 1700. O mesmo pode ser dito da farinha de trigo. Nada de pães, bolos e outros pratos feitos de trigo. O substituto era o milho, a batata e a mandioca, menos saborosos, mas abundantes. Carne, principalmente de porco (que se deu muito bem nas nossas terras), peixes e caça – paca, anta, jacaré, macacos, aves nativas. Bife, nem pensar. Vacas e bois dividiam a tração de moinhos com os negros e não eram abatidos. Galinhas eram caríssimas e usadas apenas para alimentar doentes e visitas ilustres

Toque de recolher, epidemias, proibições a cada esquina... Quem disse que a vida no Brasil Colônia era fácil?


Como alguns devem saber, Danação é um romance fantástico ambientado em 1700. Já falei (não demais) de folclore e volta e meia vou falar mais um pouco, mas hoje o tema é outro: como era a vida naqueles tempos. Ou, se preferirem, como era o Brasil que Diogo, a viúva Catarina e o escravo João enfrentavam.
Nessa época, era Deus ajuda quem cedo madruga ao pé da letra. Café da manhã, antes das cinco, almoço às dez e jantar às cinco da tarde. Até porque ninguém podia passear pelas ruas depois das oito da noite. Isso era crime, punido com uma semana de cadeia (as cadeias, por sinal, ficavam no mesmo prédio da Casa de Câmara, onde os vereadores se reuniam, só que no piso de baixo).
A vida era extremamente tediosa. Muito mais do que em qualquer cidade de interior hoje em dia. O ponto alto da semana eram as missa dominicais, quando as pessoas se encontravam. As festas religiosas, como Páscoa e Domingo de Ramos, aguardadas com ansiedade. Participar dessas festas era inclusive obrigatório, pois os militares aproveitavam o ajuntamento de pessoas para recrutar colonos à força. E guerra era algo que não faltava. Os portugueses estavam sempre lutando contra espanhóis que ameaçavam suas fronteiras ou com índios. Ou contra índios aliados de espanhóis, o que era pior. E se você escapasse de ser recrutado, sua mãe velha ou seu irmão novo iria preso.
Ao brasiliano e à brasiliana (brasileiro era quem vivia do pau-brasil), quase tudo era proibido: produzir sal, vender mulas, possuir tipografias ou ourivesarias, casar com juízes, alcançar posto militar acima de alferes (segundo-tenente). 
O que sobravam eram epidemias. Tifo, cólera, malária e algumas causadas pelas dietas deficientes, como escorbuto. Outras doenças, fruto da falta de higiene de nossos antepassados. Particularmente cruel era o maculo, ou corrução, uma infecção do ânus, que não raramente levava à necrose do reto. O tratamento? Enfiar no local uma bucha feita de pólvora, sal e pimenta. Pense...
Falando em limpeza, o colono não era lá muito asseado - herança europeia -, mas aprendeu com o índio o valor de um bom banho. Certo? Mais ou menos. Os selvagens se molhavam muito nos rios, o que é um pouco diferente de tomar banhos. E o colono fazia como os índios: esfregava o corpo com areia para tirar o excesso de sujeira. Sabão que é bom...
O melhor era não adoecer, até por que não havia médicos. A versão da época era chamada de físico, formada em faculdades europeias e disponível apenas aos muito ricos ou nobres. Durante os anos em que Salvador foi sede do vice-reinado, nunca houve mais que uma dúzia deles na cidade. Existiam também os cirurgiões, que auxiliavam os físicos e a quem era autorizado clinicar. O mais provável era que você fosse atendido por um barbeiro - acredite, o mesmo que fazia barbas - que ganhava um extra usando e abusando de sanguessugas, sangrias e ervas indígenas. Também não era aconselhável ter dor de dente. O paciente era embriagado (o clorofórmio só seria utilizado um século mais tarde) e o dentista cumpria seu ofício. Sabem como seus consultórios eram identificados? Pela banda de música na frente. Os bumbos e cornetas eram usados para abafar os gritos.
Hoje paro por aqui. Volto logo logo, com mais curiosidades sobre a vida dos nossos antepassados. Assunto é o que não falta...

Sorteio do Danação autografado no Mundo de Fantas

Como prometido, lá vai outro sorteio do Danação, dessa vez no Mundo de Fantas. Entrem no blog da Celly Borges, vejam as regras e não deixem de competir!


http://mundodefantas.blogspot.com.br/2012/08/sorteio-do-livro-danacao-autografado.html#comment-form

Promoção de livros

A vencedora na promoção feita pelo Skoob semana passada e que levou um Danação autografado para casa foi a @mnazare. Parabéns à Maria de Nazaré e obrigado a todos que embarcaram nessa! Muita gente participou - tanto pelo twitter quanto pelo facebook - mas para os que não levaram seu livro tem mais promoção nos próximos dias. Fiquem de olho!

Curupiras no Himalaia?

O nosso Curupira, todos já ouviram falar. Dispensa apresentações. Entidade protetora das matas, persegue caçadores e tem como marca registrada os pés virados para trás. A surpresa, ao menos para mim, foi descobrir um tal de Abarimon, nome dado a um povo que habitava um país de mesmo nome nas montanhas do Paquistão. Ocorre que os Abarimon, que foram citados pela primeira vez pelo sábio romano Plínio, o Velho, nos primeiros anos da Era Cristã, eram conhecidos por... terem os pés para trás!


Não sei vocês, mas para mim é muito intrigante reconhecer a existência de dois mitos tão diferentes, separados por centenas de anos (entidade tipicamente indígena, nosso anão de cabelos vermelhos foi mostrado ao ocidente pelo padre José de Anchieta, em 1560) e por milhares de quilômetros. Não há como imaginar que os tupi-guaranis, isolados nas Américas até a chegada dos portugueses, e os gregos antigos ou os habitantes do Himalaia mantivessem alguma forma de contato. Ainda assim, lá estão, lado a lado e pés para trás, o Curupira e o Abarimon. Confiram abaixo a aparência dessa curiosa criatura.



Resenha do Danação no blog Only the Strong Survive

Olha lá, pessoal, 
Mais uma resenha do Danação, dessa vez no blog Only the Strong Survive, da Veronica Inamonico. Uma opinião mais que encorajadora para um autor de primeira viagem. Obrigado pelas palavras, Veronica. E que venham outras resenhas!


http://onlythestrong-survive.blogspot.com.br/2012/07/resenha-danacao-marcus-achiles.html

Como vencer uma mula-sem-cabeça?


Em pleno século XXI, é difícil pensar em uma pergunta mais absurda. Não existem mulas-sem-cabeça, boitatás, lobisomens ou qualquer ser cuja existência não possa ser provada pela ciência (assim pensam os céticos). Mas procure voltar um pouco no tempo, uns 300 anos, e tente pensar como um colono, em uma terra carregada de superstições quase medievais. No século XVIII, o homem comum tinha tanto medo de criaturas fantásticas como de mordidas de cobras ou emboscadas de índios. No Brasil de 1700, topar com um curupira em uma mata fechada era tão possível quanto ser farejado por uma onça faminta.

O Brasil de 1700 é o cenário de Danação, e o folclore é o pano de fundo desse romance.  É para essa terra de crendices que o leitor é transportado. E deverá compartilhar do mesmo medo do desconhecido que atormentava brancos, índios e negros sem distinção. Então, pense como um colono e se permita imaginar como responder a pergunta e sair de uma enrascada que podia custar sua vida.

Como vencer uma mula-sem-cabeça?
Esqueça os tiros. A mula é imune a balas. Você não está lidando com um animal, mas com uma mulher amaldiçoada por fazer sexo com um padre. E é essa danação que a transforma toda sexta-feira de madrugada em algo que mata quem encontra pela frente, sem dó ou remorso, até pouco antes do amanhecer. Se tiros não resolvem, quem sabe uma boa e afiada espada? Provavelmente, não. Provavelmente...

Só três coisas surtiam efeito: Primeiro, tirar algumas gotas de sangue com um alfinete virgem ou coisa parecida. Se você tivesse coragem para aproximar-se de um monstro enfurecido que cospe fogo protegido apenas por uma agulha essa poderia ser uma saída. Assim, a maldição seria quebrada.

A segunda opção é ainda pior. Algumas mulas traziam arreios presos à boca (eu sei, eu sei... se ela não tinha cabeça, como teria boca? Mais uma vez, você não está no século XXI...). O arreio flutuava em uma torrente de fogo, no lugar onde estaria sua cabeça, e bastava arrancá-lo para que a criatura voltasse a ser uma mulher. Mais arriscado que o alfinete.

Por sorte, havia uma última alternativa. Se o mesmo padre que a seduziu (ou vice-versa) rezasse uma oração em seu nome no início da missa, sua amante deixaria de se transformar em mula-sem-cabeça. Infelizmente, poucos padres devem ter se lembrado disso. Ou não se sentiam culpados pela falha e não viam motivos para arrepender-se.

Essa foi apenas uma pequena amostra do universo fantástico que tanto aterrorizou nossos antepassados. Volta e meia vou postar aqui no blog um pouso desse mundo tão esquecido. E sempre vou estar disposto a um bom papo com quem, como eu, curte nosso folcore.

PS: A mula-sem-cabeça é um mito vindo de Portugal, trazido pelos colonizadores a partir do descobrimento, mas não era avistada em todo o Brasil. No Maranhão e Pará o destino da amante do padre era outro: tornar-se a cumacanga. Às sextas-feiras a cabeça da mulher deixava seu corpo e, em chamas, passava a correr pelos campos. Difícil escolher a pior das maldições. 

Bienal de São Paulo

Vou estar na Bienal de São Paulo dia 19 de agosto, no stand da Editora Baraúna, lançando o Danação. Para quem quiser autografar seu exemplar, comprar para presentar um fã de literatura fantástica ou apenas bater um papo sobre folclore, litfan e afins.



Resenha do Danação e entrevista ao Policial da Biblioteca

Saiu uma resenha bem legal do Danação no blog Policial da Biblioteca. Valeu, Priscilla e Ednelson! E de quebra, uma entrevista. Confiram!


http://policialdabiblioteca.blogspot.com/2012/07/resenha-entrevista-danacao.html

Danação na 58ª Feira do Livro de PoA


A Câmara Rio-Grandense do Livro confirmou minha presença na 58ª Feira do Livro de Porto Alegre, no dia 4 de novembro. De acordo com os organizadores, esse será um dia dedicado à literatura fantástica. Vou falar sobre o Danação (é claro...), folclore, litfan e sobre o que mais vier. Mais tarde eu pretendo divulgar a programação completa da Feira, com todas as datas e horários, com ênfase (é claro...) para o Danação. Expectativa melhor, impossível!

Resenha do Danação no blog do Thiago Tavares

Colegas,


Deem uma conferida na resenha que o Thiago Tavares fez do Danação para seu blog. Palavra de quem leu e se empolgou com a estória!


Por Thiago Tavares

No Brasil colonial, período do auge da crendice folclórica e no qual nosso país não passava de uma extensão maltratada de Portugal, é que esta obra se desdobra. A iniciar por um prólogo já tomado de boa dose de ação, os leitores são convidados a conhecer as páginas que relatam anos sombrios onde superstição e realidade misturavam-se com extrema facilidade. É através de Catarina, mulher viúva ainda detentora dos resquícios de uma beleza desgastada na dura tarefa de administrar sua humilde roça, ao lado de Rosário, sua única escrava, que Achiles nos concede o primeiro contato de sua ficção. Aparentemente uma existência feminina comum, mas que guarda um grande segredo consigo. Algo que se mantém oculto, sob uma espécie de hibernação, durante os sofridos dias da semana, mas que se inflama e se mostra com toda sua força fulgente nas madrugadas de sextas-feiras.
Corpos tisnados pelo fruto de uma união condenada são encontrados a cada nova manhã de sábado, gerando o caos e o medo nos habitantes de Taubaté que desconhecem o rosto do responsável direto por tamanha atrocidade. Um mistério que Gregório – altivo e experiente mestre de campo – necessita solucionar para alcançar uma almejada promoção e evitar a instalação do pandemônio na vila. Seus suspeitos pelos assassinatos são os bugres – em sua teoria, selvagens em protesto pela invasão dos lusitanos às suas terras – todavia, mesmo após perseguidos e sob severo suplício, nenhum índio sequer assume a autoria dos crimes que aterroriza a vila. Diante da dificuldade para solucionar o caso o militar se depara com sua autoridade e competência contestadas pela Casa de Câmara e pelo próprio povo que, como ratos acuados, desaparecem das ruas após o toque de recolher. Uma gente assustada que ignora a punição Divina lançada sobre um padre – atormentado pelo remorso – e sua concubina, castigada com uma terrível maldição. A perturbadora realidade, no entanto, é descoberta pelo forasteiro Diogo Durão de Meneses, o protagonista da trama, que acompanhado de dois escravos – João e Inácio – chega a Taubaté acreditando haver sido orientado até o local pelo espírito de Tiago, seu filho, morto acidentalmente pelas suas próprias mãos há quatro anos. Lembranças dolorosas que o envolvem em um misto de amargor e arrependimentos pela sinistra escolha que lhe acarretou não somente a separação da única prole, mas também da alma. Um pacto que jamais deveria haver firmado e que o torna uma criatura tão amaldiçoada quanto a que está destinado a encontrar nas imediações da vila de Taubaté.
 É no mar deste embate entre duas almas em danação que todo o enredo termina por desaguar. São 57 capítulos que, divididos de maneira sucinta, foram cuidadosamente lapidados pelo autor que se preocupou com detalhes minuciosos, concedendo-nos a oportunidade de mergulhar em tradições, hábitos, crenças e diálogos recheados de um linguajar típico de uma época antiga. Uma obra sagazmente montada ora apresentando detalhes sobre uma personagem, ora sobre outra, permitindo uma leitura onde os pormenores da vida de cada um deles seja revelado sem que as informações se tornem um fardo para o leitor.   
Julgo ainda importante mencionar que Danação é um romance de cunho fantástico que nos remete a reflexão através dos diversos trechos nos quais evidencia-se a facilidade do homem de ser corrompido seja pelo poder, riqueza ou mesmo pelos prazeres da carne. Um jovem padre atormentado pela luxúria, escravos e senhor notadamente a estreitar laços de amizade e o próprio Diabo a acompanhar Diogo (protagonista) transvestido da imagem da criatura que o jovem mais amou na vida, são alguns dos elementos que fazem deste livro uma ótima recomendação de leitura.
Vale ressaltar por fim que Danação é o primeiro volume de um projeto onde o autor pretende conduzir Diogo numa jornada pelo interior de uma colônia repleta de criaturas folclóricas. Uma informação que deixou-me com grande expectativa e que certamente deixará aqueles que, assim como eu, se atreveram a conhecer as páginas deste primeiro romance de Marcus Achiles. 

Blogs, blogs, blogs...


Um mês e pouquinho com o blog do Danação no ar e eu gostaria de agradecer aos blogueiros que deram espaço para o livro. Tem um boa lista aí embaixo. Para um começo, está bom demais. Animador também é entrar nos blogs e ler comentários aqui e ali. A lista vai crescer. Devagarinho, devagarinho.


Danação na imprensa

O Correio Braziliense publicou uma matéria legal sobre o Danação. De quebra, ainda falou sobre outros bons autores que usam nosso folclore como matéria-prima para seus romances. Confiram!

Por que relançar

Essa edição não é a primeira de Danação. Houve outra, há três anos, quando decidi que queria reunir o maior número possível de parentes e amigos para dividir comigo a alegria de escrever um livro.
Não foi por desleixo que Danação saiu com erros na edição de 2008, mas por que uma revisão não cabia no meu orçamento no momento; a editora apenas rodava o livro, sem revisá-lo.  Li e reli o romance umas boas vezes, e volta e meia também encontrava algo sobrando - um exagero estilístico aqui, descrições não muito necessárias ali, um diálogo que precisava ser melhorado no meio. E passei boa parte desses três anos futucando, apagando, corrigindo. O que foi editado pela Baraúna não é um livro novo. Apenas uma edição revisada - e definitiva. Nada de substancial foi mudado. É verdade que o prólogo foi bem remexido, e há um epílogo que não existia antes. O romance, porém, ainda é o mesmo. Vou ter sempre carinho pela primeira edição, mas orgulho mesmo é pela segunda.
Mas por que relançar? Pensei bastante antes disso.  Já tinha gasto o que podia e o que não podia em 2009. Outra despesa fora de hora, sem perspectiva de retorno... O livro, porém, não tinha apenas erros que me incomodavam. Com uma ou outra exceção só foi lido por amigos – e todo autor quer ser lido por pessoas que não o conhecem. Há três anos não tive como colocar o livro à venda. Quase todos os exemplares que encomendei – uns 100... – foram vendidos, mas na noite de lançamento, para amigos e parentes. E eu queria ver Danação nos sites das livrarias, criticado por blogueiros, circulando nas mídias sociais. Para o bem e para o mal. 
Sei que o mercado literário é muito fechado. Não bastasse isso, o de fantasia em especial está viciado. Mas como dizia Vicente Matheus, o eterno presidente do Corinthians, quem sai na chuva é para se queimar. Se ao menos sair chamuscado posso me considerar realizado.


Por curiosidade, olhem aí a capa do primeiro Danação


Inaugurando o blog...

Primeiro post do blog. Para inaugurar, nada melhor do que falar do que me levou a escrever Danação.
Sempre gostei de literatura fantástica. Seja o terror, a fantasia ou a ficção científica, as realidades irreais sempre me fisgaram. Mas não foi apenas isso.
Sempre curti a ousadia, a criatividade. Não vou esticar muito. Quem já leu Stephen King (melhor como contista do que como novelista), Clive Barker, H. P. Lovecraft e Philip K. Dick sabe do que estou falando. Mas não foi apenas isso.
Nas idas a livrarias folheava dezenas de títulos novos de fantasia - o que era bom. Desses lançamentos, vários autores nacionais - o que era ótimo, prova de que o gênero se firmava no Brasil, principalmente entre os mais jovens. Mas lá para o meio da orelha ou da sinopse da contra-capa (às vezes logo no título ou pela ilustração da capa) percebia o que me aguardava: vampiros e lobisomens (ou lutas entre uma e outra raça), elfos e dragões, quase sempre acima do Equador ou em um continente imaginário. De uns anos para cá, zumbis. Não quero que pensem que não gosto dessas criaturas. Cresci lendo gibis como Kripta e Shock, assistindo na TV a filmes de terror da Hammer, vendo e revendo no cinema Grito de Horror (quem não viu ainda, corra e alugue - ou baixe) e Hora do Espanto (o original, de 1985). Mas os quarenta anos são a idade de começar a ser ranzinza, torcer pela novidade...
A ideia de escrever algo diferente veio no começo de 2006, quando meu filho Lucas, à época com nove anos, estava fazendo uma pesquisa escolar sobre folclore brasileiro. Quando dei de cara com a ilustração de um ser fantástico (não vou dizer qual, pois ele está no livro...), pensei: Por que não encontro romances que tivessem nosso folclore como pano de fundo? Por que nossos jovens leitores consideram vampiros, lobisomens e dragões mais assustadores ou instigantes que um boitatá, uma mula-sem-cabeça ou um mapinguari?
Olhava para meu filho e pensava que nossos leitores mereciam algo diferente do que estava aí, sobrando nas livrarias. Não necessariamente o que eu poderia oferecer, mas apenas algo diferente, mais próximo do chão onde pisamos. E aí, depois de dois anos, surgiu Danação, lançado em primeira edição por uma editora de Brasília em 2008 e agora pela Baraúna, revisto e revisado.
Sempre achei que o brasileiro nunca deu o valor necessário para sua cultura - sua história, seus heróis (e seus vilões), seus mitos. Ainda acho. Não acredito que Danação possa mudar essa tendência. Sonho, mas não acredito. Mas um dia isso pode mudar.

 
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